Remuneraçao piora criatividade? e outras mais


Resolvi usar esse tíulo depois um vídeo sobre o tema, recomendo ver o vídeo antes de voltar a ler este texto (eu avisei). No qual o palestrante declara que alta remuneração pode destruir a criatividade. Confesso que tenho um certo receio com esse tipo de palestrante porque muitas vezes uma fantástica apresentação é ótima para te distrair de detalhes do conteúdo,  ainda mais quando o argumento é polêmico como esse. E confesso que estou curioso com a opinião de dois especialistas de RH que conheço. Mas achei interessante o embasamento teórico, o cuidado em usar a parte tradicional e rigorosa da ciência, mais especificamente behaviorista,  para basear sua tese e claro mostrar que ela se aplica à condições específicas.  Acho que  satisfação não é necessariamente uma motivação como alguns confundem. Na verdade, até acho que a idéia de recompensa ainda faz sentido,  mas o estímulo para o ser humano é algo mais que biscoitos, brinquedos ou notinhas verdes e principalmente mais a ideologia que se esconde por trás da lógica recompensa x punição.

Quanto as “outras mais”  o vídeo passou em uma aula sobre teorias de educação, mais especificamente explicando o construtivismo. O qual nos últimos anos ganhou grande impulso devido a necessidade de formar profissionais mais criativos, proativos e flexíveis. Enfim desenvolver aquelas partes da competência que teorias tradicionais de ensino, que eram muito boas para ensinar conhecimento,  habilidades e memorização, não resolviam bem.

A questão hoje, como o próprio Dan Pink comenta, vai mais além, questionando até a forma positivista como entendemos ciência.  “Coincidência” interessante por que minha aula de métodos de pesquisa bateu na mesma tecla abordando a variante pesquisa ativa, que também vai contra o nosso senso comum acerca de ciências ao propor um método em que o pesquisador não se distancia. Ao contrário ele se envolve e vê sua pesquisa como uma forma de influir e dar poder aos “objetos” da pesquisa.

Foram uns dias bem interessantes estes, daqueles que te fazem ver que o mundo é mais rico e variado que pensamos, e que realmene essa idéia dos sei-la-o-quê-pos-modernistas, a necessidades profissionais preparados para lidar com a “risk society” do Beck cai como uma luva nesse vídeo.

4 comentários em “Remuneraçao piora criatividade? e outras mais

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  1. Na verdade se olharmos as teorias clássicas de motivação especialmente Hezberg e Maslow vamos ver que o conferencista tem razão se, e somente se, estivermos no estágio da realização na escala ou com os fatores higiênicos da motivação satisfeitos.
    Dentro do contexto de trabalho com foco no conhecimento e da criatividade sem dúvida a motivação é fundamentalmente intrínseca. Esse tipo de trabalho pressupõe naturalmente que as questões de sobrevivência já estão superadas.
    Isso não significa que pessoas com carências econômicas não possam ser criativas. Ao contrário, muitas vezes, a superação dessas carências requer criatividade.
    O contexto em que o conferencista expõe suas idéias é o das organizações e do mundo do trabalho. As questões relativas a autonomia fazem há muito tempo parte do discurso da gestão de pessoas. É certo, também, que as práticas nem sempre estão alinhadas com o discurso como é o caso das recompensas e punições.
    Nesse contexto a afirmação do conferencista me parece correta com as ressalvas que ele mesmo faz ao longo da apresentação (tipo de atividade, por exemplo).

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    1. Obrigado, era uma das análises que estava esperando e as referências podem ser úteis. Bom também por confirmar que apesar do modo apresentado do palestrante o sujeito realmente tem um rigor técnico como embasamento. Algo bem americano eu diria.

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