Estou fazendo por aqui algo que nunca imaginei que faria. Para conseguir que as pessoas entendam meu nome tenho pronunciado ele com sotaque inglês. Soa engraçado e até um tanto ridículo mas descobri que é uma solução eficiente para que as pessoas consigam lembrar do meu nome e pronúncia-lo de uma forma que eu seja capaz de entender que estão falando comigo.
Lembro do meu primeiro dia de aula quando eu e uma taiwanesa fomos apresentados. Ao falar “Renato” ela me olhou como se ouvisse um termo absolutamente alienígena e impronúnciavel. O que, considerada a lógica de pronúcia dela, não deixa de ser verdade. Ela olhou, repetiu insegura “Anatu?” e escreveu num inglês completamente errado, me mostrando para confirmar se era isso mesmo, e vi que era melhor jogar para meu nome para um campo mais comum entre nós, o inglês. Ao pronunciar meu nome com a elegância de um turista gringo no Rio de Janeiro os olhos da menina se iluminaram ela repetiu a versão com sotaque direitinho e conseguiu gravar o meu nome.
A minha surpresa foi quando ela se apresentou como “Lily” e pela minha cara de surpreso com um nome tão americano me explicou que esse era o seu nome ocidental. É comum chineses e taiwaneses adotarem nomes ocidentais para serem entendidos quando estão desse lado do mundo. Ela disse que dá muito trabalho explicar a pronúncia correta e quase ninguém acerta, então eles escolhem nomes mais lembráveis por nós. O resultado é que colegas de sala que atendem por “Annie”, “Lilie”, “Cloris” ou “Beatrice” só tem esse nome fora de casa ou da rodinha de conterrâneos. É interessante como a cultura que normalmente nos apóia torna-nos estranhos aos olhos do outro, recíproca verdadeira.
Nada tão surpreendente numa geração que consagra apelidos de internet em vez de nomes verdadeiros. De fato, qual será o nome mais verdadeiro, o dado pelos pais ou o escolhido pelo indivíduo?
E eu que o diga…
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Em setembro, estive nos EUA e tive uma experiência semelhante. Uma secretária da unidade que eu estava visitando me disse que um coronel iria me receber e disse um nome incompreensível para mim.
Quando fui recebido, vi que era um tal de Coronel Teixeira, neto de portugueses que que falava mais ou menos o português. Teixeira é uma palavra totalmente impronunciável para os nativos da língua inglesa.
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Um exemplo interessante, se bem me lembro, o português tem mais palavras que o inglês, então eles devem sofrer mais que a gente nisso. Imagine como deve ser sofrida a vida de um americano para descrever os nomes de Rua de São Paulo ou Rio.
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