E o ensino em casa?


Entre notícias sobre casal Nardoni e a enésima alta do petróleo de vez em quando aparece alguma notícias realmente interessante. Em Minas Gerais surgiu uma polêmica que levanta questões fundamentais sobre a forma como educamos nossos filhos e o papel da escola. Trata-se da luta legal de um casal pelo direito de manter suas crianças aprendendo em casa e não na escola.

Enquanto em alguns países como EUA e alguns da europa ocidental o ensino em casa é aceito e praticado, especialmente por comunidade religiosas o mesmo não acontece no Brasil. Pelo que entendi, desde a constituição de 88 existe a obrigatoriedade de se manter as crianças na escola, como parte do direito à educação. O resultado é que os pais estão sendo processados na mesma lei que visa coibir o trabalho infantil ou a negação de um direito fundamental.

Do ponto de vista do EaD, hoje em dia há todo um mundo de novas possiblidades para o ensino em casa. Os pais tem muito mais recursos tecnológicos do que antigamente.

A questão é, a escola tem o monopólio do ensino? Tem de ser necessariamente a forma predominante de ensino? A família, que tem a função primordial de educar, não pode tomar toda essa tarefa para si?

Por outro lado, a escola é um importante espaço de convívio social onde a criança se torna mais um e exercita questões como limites, direitos, negociações etc. Como fica esse aprendizado para uma criança que aprendeu tudo dentro da família? Antes do ensino universal estudar em casa era comum, famílias ricas contratavam profissionais. E se bem me lembro do Ponce em “Educação e Luta de Classes” a educação diferenciada para ricos e pobres é uma das mais antigas ferramentas para manter o status quo. Inclusive recomendo o livro para quem quer uma perspectiva história da educação.

E claro, não podemos deixar de considerar o atual estado da educação no Brasil. Um dos argumentos dos pais foi justamente o fato que as escolas públicas atuais são ruins e, convenhamos, há poucas chances de soluções rápidas para os problemas educacionais brasileiros.

Enfim o assunto é complexo. Acho que a constituição de 88 foi genial e assegurar o direito a educação, mas talvez seja o momento de pensarmos em formas mais flexíveis de educação. Em suma neste caso esconde-se uma discussão importantíssima, sobre os papéis da família, alunos, escola e como entendemos e lidamos com educação no país.

2 comentários em “E o ensino em casa?

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  1. Renato,
    não consigo entender como nosso país e nossa sociedade tomam posições por vzs tão retrógradas. Como dizia o Frederico o Grande, “o q importa não é marchar separado, mas chegar junto”. O q isso quer dizer? Acho q pai e mãe com suficiente formação e informação podem prover ensino fundamental em todos os níveis tvz melhor q a escola convencional. Mas a questão é a medição da aprendizagem, e isso é fácil resolver. Nos EUA, como vc deve saber, o sujeito pode fazer provas do ensino médio e de algumas especializações técnicas providas pelo sistema estatal. Seis vezes por ano, acho. Se o cara passar, tá limpo. Ninguém tem nada com o lugar onde ele estudou. Na França me parece q tamb é assim, inclusive com habilitações universitárias (os exames finais são providos e supervisionados pelo Estado). Pq não adotar esse procedimento aqui tamb?

    ——-
    Resposta:

    De fato, se há algo positivo que pode sair dessa história é uma discussão séria sobre o assunto. Da minha parte contanto que se avalie de forma decente também não vejo problema, basta regulamentar. Inclusive torço para que mais pais se interessem pelo assunto.

    Agora me surpreendeu foi um comentário de uma educadora dizendo que não dá para os pais resolverem a escolaridade dos filhos. Ok, concordo que deve haver um conjunto de conhecimentos mínimos que o aluno deve ter e o estado deve conferir. Mas parou por aí.

    Inclusive o open lá no PD sobre o assunto foi muito bom.

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  2. Renato, o tema é fantástico. Saio de viagem amanhã, então vou deixar para fazer uma reflexão e um comentário mais longos na minha volta. Abração

    ——-

    Resposta:
    Com certeza, estou curioso sobre os futuros desdobramentos dessa história. No mais boa viagem vou acompanhar seu blog, agora um coletivo.

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