Caça aos Monstros: jogos da memória e algo mais


No último natal eu comprei jogos de tabuleiro como presentes para as famílias. O que serviu para jogar vários em companhia dos meus filhos e sobrinhos. Um deles foi o Caça aos Monstros, publicado no Brasil pela Galápagos Jogos.

O primeiro ponto que me chamou a atenção foi ser primeiro jogo que vi com idade recomendada a partir dos 4 anos. Em essência é o tradicional jogo da memória, aquele geralmente feito com cartas e que já foi apresentado com os mais variados temas. Portanto, é uma inovação incremental, o que não tira o seu mérito do designer do jogo.

As regras

Dentre os pontos que eu gostei começo pela convergência entre história e regras do jogo. No caso, é preciso proteger a criança que dorme dos monstros que tentam cercar a cama para assustá-la. Para expulsar os monstros de volta para o armário é preciso encontrar os brinquedos que certos, que estão dispostos em pequenas cartas posicionadas, seria como procurar os brinquedos tateando no escuro. Cada monstro é expulso quando um brinquedo específico é encontrado. Porém, existe um monstro separado que insere um novo monstro no quarto quando completa uma mudança de cor. De fato, é um pequeno e inteligente “placar” de tentativas, a cada 3 erros um monstro é inserido. Para aumentar a dificuldade, dentre as cartelas existem duas que operam a favor dos monstros. Uma é o monstro escondido nos brinquedos, que muda a cor do monstrinho separado e insere um novo monstro no quarto; outro é a meia, que as posições das cartelas, o que achei que tem tudo haver com a narrativa de um quarto de criança.

Meu único reparo é que são poucas as cartelas de brinquedos e achei um tanto pequena a variedade tanto de monstros como de brinquedos. Hoje em dia não é incomum encontrar o jogo da memória com dezenas de cartas. Assim, acho que há espaço para um expansão para aumentar o nível de dificuldade e garantir que o jogo possa ser jogado mais vezes.

O aspecto educativo

Sobre os benefícios educativos, além da história do jogo ajudar a lidar com um velho medo infantil, o jogo serve para o (óbvio) o exercício da memória, especialmente a de curto prazo, do ato de memorizar em si; do raciocínio lógico, ao obrigar o jogador a procurar elementos para balizar sua memória; e da concentração, um bom exemplo de como a aprendizagem não vem apenas das próprias jogadas, mas da observação dos outros jogadores. Ao mesmo tempo s designers conseguiram transformar o tradicional jogo da memória em um jogo colaborativo. O que pode ser um excelente exercício de comunicação e, especialmente, socialização para as crianças, ressaltando aquela dimensão social da aprendizagem que o Vygotsky tanto gostava. Ensinar uma criança a aprender a resolver problemas em grupo é um aprendizado para a vida. Digo isso como um profissional que trabalha em projetos com equipes multidisciplinares. No aspecto familiar, pode ser um bom momento de integração entre parentes de diferentes idades.

Conclusão

Caça aos monstros demonstra como a boa junção entre histórias e regras cria um contexto que favorece o aprendizado. O que demonstra bem o poder de um bom storytelling, algo que poderia ser ainda mais explicitado no caderno de regras. Mas que certamentejá ajuda na aprendizagem do jogo por crianças mais novas. Para melhorar, as ilustrações estão excelentes, dando um clima de Monstros S.A. para as partidas. Como a aprendizagem é rápida é uma boa opção para jogos em eventos. Enfim, considero um jogo despretensioso, mas agradável e interessante para jogar com crianças mais novas, entre uns 4 e 7 anos.

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