
Em fevereiro fui contatado pelo pessoal da Faculdade de Medicina Veterinária da USP. Imagino que eles encontraram uma matéria sobre o projeto.
A proposta foi participar do 1º Encontro do Desafio FMVZ-USP de Desenvolvimento de Jogos Didáticos Eles estavam interessados em conhecer um pouco da minha experiência com o jogo de Cerrado. E isso porque eles nem sabiam o que ainda está por vir.
Como estamos em tempo de crise, não seria possível bancar minha ida até São Paulo para uma apresentação presencial. Assim, a solução para mim e outros palestrantes foi a videoconferência. Essa foi a minha segunda experiência com desse tipo, o que significa que estou longe de ser veterano nessa prática. Primeiro tivemos um teste de conexão alguns dias antes comigo e com o Professor Rafael Baptistella Luiz da Universidade Positivo, que estaria apresentado lá de Curitiba. Eu já o conhecia do blog Designing Games e o teste do sistema de videoconferência serviu para termos uma conversa interessante sobre jogos.
O evento foi bem interessante, O Rafael falou sobre como iniciantes podem criar serious games. O Prof. Gabriel Weber também está usando os eurogames como referência, no caso para o ensino de química, com algumas ótimas referências. As professoras Katia Oliveira, Erika Suzuki Toledo e Rodolfo Milone Businhani mostraram sua experiência com o Projeto Patógenos em jogo, desde o seu desenvolvimento até as experiências de aplicação. E por fim, euzinho apresentei o Desafio no Cerrado, falando sobre as teorias que suportaram seu desenvolvimento e como tem sido a fase inicial do projeto de aplicação do jogo.
Além de poder contar a minha experiência com jogos, foi legal ver que o meu trabalho parece bater com o que outras pessoas estão fazendo, especialmente em termos de aplicações práticas. E também foi bom ver que tenho algum conhecimento nas teorias de aprendizagem e como elas suportam o desenvolvimento de jogos. Um ponto que o professor João Mattar já falou várias vezes quando comenta sobre a tensão entre os objetivos educacionais e os lúdicos de um jogo educativo, algo que deve ser equilibrado.

Outro ganho foi me sentir menos sozinho nesse campo. Outras pessoas também perceberam o potencial dos jogos aplicados à educação e no Brasil está surgindo um interesse sério em se desenvolver a área. Nada contra quem está pensando em jogos para entretenimento, é um belo mercado. Mas é possível fazer muito muito com jogos. Como eu comentei durante a minha apresentação: precisamos de uma aplicação de metodologia de pesquisa sólida, de experimentação sistemática e análise dos dados para não apenas criar jogos melhores, mas também criar estratégias de aplicação efetivas desses jogos em ambiente escolar. Precisamos de menos estudos de caso e mais estudos que possam ser generalizados.
No dia 4 de abril tivemos um segundo encontro em que falei um pouco mais sobre o processo (e os percalços) no desenvolvimento do Desafio no Cerrado. A idéia é que vou atuar como um mentor a distância para ajudar as equipes que vão desenvolver os jogos para os desafios.
Portanto, o desafio está só começando e é essa uma das belezas do processo. O trabalho das equipes mostra como a USP está capacitando gente para desenvolver e aplicar jogos educativos. Na verdade pelo que entendi a idéia é melhorar o contato da faculdade com o nível fundamental de ensino. O que é uma excelente idéia para formar novas gerações de profissionais desde o início. Assim, os próximos meses prometem ser interessantes.
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