E hoje fiz aniversário. Aniversário tornou-se algo um tanto expremido entre a infinidade de obrigações pessoais que fazem parte dessa coisa sacal chamada vida adulta. Ainda mais depois do funil que a vida social se torna. Organizamos tanto a vida para torná-la mais eficaz que ela parece correr sobre trilhos e fatos como um aniversário começam a parecer mais um incômodo que um prazer. E para ser justo com 2017 esse foi, até o momento, um ano a ser comemorado.
Férias
Em família tive excelentes férias. Não que elas tenham sido perfeitas, mas atenderam os desejos de descansar, rever a família, caçar estrelas, explorar o mundo. Voltar para uma certa serra no sul de Minas é retornar à certas raízes. Um daqueles locais que é seu lar mesmo que você nunca tenha morado nele. Além de ser excelente para comer bem e descansar. O que é essencial para quebrar o ritmo do trabalho e recuperar as forças, ainda mais quando você sai com o trabalho em excelente fase. A segunda parte das férias foi a parte aventura, a oportunidade ver lugares nunca vistos antes. Nesse ano a novidade foi ainda maior por ser a primeira viagem do tipo com o “núcleo duro” da família.
Viajar, sair do seu habitat normal é sair dos trilhos de desligar o piloto automático, o que muda a percepção de tempo. Estar num lugar onde tudo é novo Assim, os dias parecem durar semanas. Também é o momento de perceber a diversidade do mundo. Descobrir como somos pequenos frente a um mundo onde existem milhões de possibilidades de ser feliz, muito além daquele círculo que vivemos. Por exemplo, certas características nossas só ficam aparentes quando estamos fora. Foi só na Europa que reparei como nós, candangos habitantes de savana, somos sensíveis à chuva. Os europeus pouco se incomodam com o clima ruim e várias vezes vi crianças felizes brincando em parquinhos encharcados em dias nublados ou de garoa.
Para tanto é preciso ter desapego, um prazer e um requisito para se desfrutar uma viagem. É preciso aceitar que tudo passa. Os nomes de ruas que eram importantes e deixam de ser. As pessoas e lugares que conhecemos e eventualmente nunca mais veremos de novo. A simpática atendente da padaria que parecia ter ficado feliz em poder empregar seu inglês no trabalho. O dono de outra padaria que nos recebia de manhã e paciente e respeitoso com nosso esforço em falar um francês macarrônico que devia espancar a gramatica. Das descobertas aos problemas, tudo passa e fica apenas na lembrança. Mas justamente por isso não pode ser vendido, comprado ou perdido.
Trabalho
Outro ponto a ser comemorado é o lado profissional. Onde tenho me sentido realizado com meu projeto, já comentando aqui, aqui e ali também. Por sinal, graças a competência de uma certa jornalista, o último link é a melhor descrição que tenho até o momento.
O projeto é um desafio que me deixou muito longe da minha zona de conforto, mas está sendo muito recompensador. Minha vida profissional saiu dos trilhos dos procedimentos padronizados e relatórios para escrever uma nova rota. Deixei de ser mais uma engrenagem numa grande máquina para ser o centro de um outro mecanismo.
Entendi como a liderança é algo solitário e às vezes não é uma questão de talento ou grandeza, mas a aceitação do simples fato de que se eu não fizer ninguém mais fará. Sempre aceitei o fato de que todo mundo é substituível, inclusive eu. Agora me vejo dentro do projeto em que se eu sair o projeto praticamente acaba. Alguns consideram um motivo de orgulho, eu vejo como uma responsabilidade.
Família e amigos
Nem tudo a ser comemorado é novidade, o fato de certas coisas continuarem é algo muito importante, como a família. Todo mundo está saudável e espero que as coisas continuem assim por um bom tempo. Óbvio que nem tudo foi perfeito: no início do ano perdi um amigo e também uma das minhas grandes referências como pessoa e designer. E uma das minhas (muitas) grandes falhas foi justamente não poder jogar o jogo que ele ilustrou. Um aviso ensurdecedor de que o tempo corre e é melhor fazer bom uso do tempo que tenho. Seja para produzir ou para estar com quem realmente importa.
Vocês
E por fim, este modesto blog que nos últimos tempos têm sua audiência aumentando a cada dia e é um presente que agradeço aos meus leitores fixos e eventuais. Escrever é constante aprendizado e fico feliz se isso acrescentar algo. Enfim, esse período não foi mole, mas é bom ter um ano que vale a pena ser celebrado.
fonte da foto: Mensagens com amor
Reminiscências 
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